20 de dezembro de 2011

Sociedade da chacota

by Ana Paula de Almeida às 09:52 2 comentários


Somos acostumados a rir do outro, desde pequenos. Rimos daquele amiguinho diferente da escola, das cassetadas do Faustão, do tombo da senhora no meio da rua, da menina mal vestida da faculdade. Sempre rindo e tirando sarro dos outros. É do ser humano, e é hipócrita quem disser que nunca riu de nada disso. Só que é errado, nós sabemos que é. Se fossemos nós na situação com certeza não gostaríamos. Só que com o advento das redes sociais, em que você consegue se relacionar com um número muito maior de pessoas ao mesmo tempo, e a exposição sem escalas nos perfis do Facebook e Twitter, rir do outro se tornou rotina. Existem até blogs e sites que se dedicam a isso. Passam o dia vasculhando o que você fez de errado pra "tcharãn", te expor e fazer milhares de pessoas rirem de você. É como aquela vez que no meio do pátio do colégio aquele coleguinha te empurrou e você caiu, e todo mundo fez uma roda pra tirar sarro. Só que já está ficando doentio e insuportável. Não, eu nunca fui vítima disso, não que eu saiba, e não contribuo diretamente com isso. Não sou hipócrita de dizer que nunca ri de alguma coisa dessas que já postaram, já ri sim. Sou ser humana, dou minha cara a tapa e assumo meus erros. Só que, chega uma hora que você analisa esse tipo de atitude e pensa: "Quanto eu sou melhor que os outros pra poder tirar sarro de alguma coisa? O que rir da desgraça alheia me fez melhor?". E a resposta é nada. Nada. Eu não sou melhor que ninguém pra poder apontar os erros dos outros. Na condição de ser humana eu erro, e erro muito, o tempo todo. E rir do outro não me faz melhor que ninguém, muito pelo contrário.
Uma coisa que muito me irrita é essa mania das pessoas dizerem que tudo "orkutizou", de uma forma pejorativa e altamente preconceituosa. Por um acaso, porque você tem Facebook e Twitter cheio dos "fãs", você é melhor que a pessoa que manda Gif Animado no Orkut? Vocês só querem uma desculpa pra diminuir os outros, mas quando você faz isso, você é que se mostra primitivo, preconceituoso e baixo. Eu também já disse que tal coisa "Orkutizou". Digo e repito, já fiz e assumo meu erro. Já disse sem pensar e analisar o que estava dizendo. Só que eu sou madura o bastante pra analisar minha postura e assumir quando é preciso mudar.
As pessoas buscam erros nos outros pra camuflar os seus. Pra sempre se mostrar superior. Eu sei muito bem a sociedade é estratificada em classes sociais, e nossa cultura é de sempre diminuir quem tem menos dinheiro. Só que isso tem que parar. Não é porque seu cartão de crédito é ilimitado que você pode sair por aí dizendo o que é certo e errado. É preciso ter caráter. Rir do outro é só mais um artifício pra que você mostre que você é melhor, só que só demonstra o quanto você é vazio e não tem alegrias próprias, por isso precisa achar graça no erro do outro. É preciso ter EMPATIA, se colocar no lugar do outro pra saber como você se sentiria se estivesse nessa situação. É preciso ter AMOR, amor na vida, no próximo, seja lá quem ele for. Que se dane se ele é pobre, gay, mulher, homem, criança, negro, branco, amarelo. Não importa. E é preciso botar a cara e pedir desculpas quando se erra. Isso não te diminui. Apontar o erro dos outros, sim. Quem é você pra julgar alguém? O Sr. Perfeição? "Ah mas as pessoas se expõem na internet porque querem, vamos rir delas." Se elas se expõem, o problema é delas! Preocupe-se mais com o seu caráter do que com o das outras pessoas. Se dane se a pessoa anda com roupas curtas, se ela ouve Luan Santana, se ela raspa a cabeça, que se dane. Você já parou pra olhar pra sua vida?
Existe uma frase muito famosa de Jean Molière que diz, "Deveríamos olhar demoradamente para nós próprios antes de pensarmos em julgar os outros."
É só isso que eu queria que vocês pensassem antes de querer apontar o dedo pro outro pra diminuir, tirar sarro ou querer se achar melhor. Você é um ser humano como qualquer outro, cheio de defeitos e qualidades, suscetível a erros como qualquer um. Ter uma casa melhor, um carro melhor, um celular melhor, um computador melhor, uma roupa melhor não te faz uma pessoa melhor. Por fora você pode até ter uma ótima aparência, mas por dentro você continua sendo vazio. E não adianta você se mostrar lindo para os outros, se você mesmo tem nojo de você. Riam das suas próprias vidas antes de rirem da dos outros. E sejam mais maduros, por favor.

Ana Paula de Almeida

7 de dezembro de 2011

Poeminha do amor diário

by Ana Paula de Almeida às 09:41 0 comentários


Me perguntaram se eu amo
Se eu amo?
Amo sim, amo o sol tímido que se esconde nos dias nublados
Amo o cheiro da grama molhada depois da chuva
O leite em pó que gruda no céu da boca
O vinil riscado dos Beatles
As paredes rabiscadas com juras de amor
A caneca com frases de incentivo e corações coloridos
Os cabelos ao vento, o pé de chinelo e as maças do rosto sem blush
Os fones de ouvido que não funcionam
A coleção de canetas promocionais que adoram escrever versos de amor
Amo o dia que começa cedo e a noite que termina tarde
Amo você me dizendo o quanto eu sou chata e o quanto você se odeia por achar isso uma graça
Amo o riso baixinho na madrugada quando eu te agarro você me diz: 'menina, você não tem jeito'!
Amo você tentando esconder que se importa comigo.
Amo, amo e amo.
Simples e amável assim

Ana Paula de Almeida

17 de novembro de 2011

Amor pré-fabricado

by Ana Paula de Almeida às 16:05 0 comentários



Fui criada vendo aquelas comédias românticas clichês. Fui criada com a ilusão de que um dia eu conheceria um cara numa situação inusitada, ficaria apaixonada por ele, a gente passaria por algumas adversidades mas fim daria tudo certo. Com as comédias românticas a gente passa a ficar mais atenta às filas de banco, aos corredores de supermercado, à porta do colégio, à calçada da casa... afinal, o amor pode estar em qualquer lugar. Só que passa um dia, passam dois, passa um mês, um ano, e nada. A gente passa a ficar descrente, mas sempre assistindo às comédias românticas. E se pergunta o que a gente tá fazendo de errado.
Outra triste realidade são os romances que a gente lê. Todos lindos, com mocinhas comuns mas que sempre acham o cara certo. Mesmo que esse cara seja um vampiro, um demônio ou um cara 20 anos mais velho. Elas sempre acham. E eu? Cadê o meu cara certo?
E as músicas? A gente se acostuma a ouvir o Marcelo Camelo (ou o Amarante? nunca sei) dizer que "deixa ser, como será quando a gente se encontrar?". Eu queria saber deixar ser, pra ver como seria se a gente se encontrasse. Eu queria muito Amarante, ter alguém pra cantar "para mim qualquer coisa assim sobre você a minha paz, tristeza nunca mais".
Sabe, acho que eu tô ficando cansada de esperar. Cansada de ver os mesmos filmes, ler os mesmos livros e ouvir as mesmas músicas dizendo que eu vou encontrar alguém pra mim. Será que eu estou de olhos fechados ou esse alguém tá bem longe agora? Ou será que tá perto? Ou será que ele já passou por mim e eu não vi?
Não sei, e não quero me preocupar com isso agora. Cansei de procurar o amor, agora ele que me encontre. E que me dê um empurrão bem forte porque eu sou distraída. Talvez esse seja o meu mau. Eu sou distraída, e foco minha pouca atenção nos filmes, nos livros e nas músicas. Acho que tô precisando é construir meus próprios filmes, minhas próprias músicas e meus próprios livros. Viver a histórias dos outros já me fez perder tempo demais. Não vou deixar de assistir, ler e ouvir. Mas quero ir ao cinema acompanhada, quero ter alguém pra discutir meus livros no jantar e ouvir minhas músicas deitada num colo qualquer. Sonhar com meus contos de fada não vai torná-los realidade. E eu quero sentimentos reais a partir de agora. Vou deixar o livro empoeirar na prateleira e vou bagunçar o lençol da minha cama com um personagem real. Cansei dessas histórias de amores pré-fabricados nos romances, eu quero é romance escrito pra mim, e por mim.

Ana Paula de Almeida

16 de novembro de 2011

Esquina qualquer

by Ana Paula de Almeida às 22:00 1 comentários

E quem diria que naquela esquina deserta da cidade eu encontraria você. Eu, que sempre chorei vendo comédias românticas e que sonhava em um dia encontrar meu amor numa esquina qualquer. Aconteceu. E eu esperei tanto por isso que já tinha até frases prontas, sorrisos ensaiados e gestos pré-programados. Eu iria sorrir, pegar na tua mão e dizer "Eu sabia que ainda te encontraria". Mas foi tão diferente de tudo que eu tinha sonhado. A esquina que eu te encontrei não tinha flores nem cores de fotografia antiga. Era fria, deserta e eu andava rápido porque tinha medo de andar naquele bairro. E você não vinha a pé, vinha de bicicleta. E me atropelou. Ah, quando eu lembro eu dou tanta risada. Dou mais risada ainda porque minha primeira reação foi de que você seria um trombadinha. Na verdade você era, um assaltante, que roubou meu coração. Ai que brega, mas é a verdade você sabe. Tava tão frio aquele dia, que quando eu caí, não sabia se ofegava de medo, se tremia ou se te xingava. Meu coração foi a mil por hora, e não foi de amor não, foi de medo. E você ria de mim! Ria descontroladamente. E eu comecei a chorar, de raiva, de nervoso, de vergonha, de vontade de te bater. Eu ensaiei milhares de palavrões, mas só conseguia tremer de frio e de medo. E você, rindo de mim.
Se eu tivesse pensado bem, não poderia nunca ter me apaixonado por você. Você me atropela, numa bicicleta, e ainda fica zombando do meu medo. Mas hoje quando eu lembro, ou quando você me relembra, eu rio tanto que até choro. Lembra do que aconteceu depois? Você me levantou e me abraçou. E me disse que eu não precisava ficar com medo, você não iria me machucar, e se eu quisesse, ainda me levava no hospital que era ali pertinho. Com a cabeça encostada no teu peito eu me senti protegida. Como nunca havia me sentido antes. E o seu perfume amadeirado me deu uma sensação de aconchego. Eu tava me sentido bem afinal, depois do susto. Mas ainda estava com raiva de você. Que babaca, me atropela, zomba de mim, e me abraça como se eu fosse uma qualquer! Olha só! Eu só queria ir embora, eu só queria sair correndo, mas não conseguia me desvencilhar dos seus braços. Que sensação estranha. Estranhamente deliciosa.
A gente foi caminhando um pouco e você me contou sua história. Tava ali de bicicleta porque gostava de sair pra relaxar sozinho, sem rumo. Graças a Deus não era nenhum trombadinha! Era formado, empregado, e gente de bem. Na verdade eu me senti mais tranquila depois disso. Até esqueci que estava naquele bairro perigoso, afinal. Até parei de tremer, de medo e de frio. E eu fui te contando a minha história.
E a gente começou a construir uma história ali, naquela esquina. Aí você me levou em casa. E me abraçou de novo, e de novo eu senti aquela estranha sensação de que eu tinha encontrado um abrigo pra vida. E você me disse que era mais gostoso me abraçar quando eu não estava tremendo. E que o meu nariz vermelho era uma graça. E que aquilo tinha deixado minhas bochechas vermelhas, e que isso sim era uma graça. Aí você me beijou, e senti pela primeira vez que não tinha mais controle pelo meu corpo. Eu só queria ficar ali, com os seus braços fortes me sustentando. Parece que no cinza daquele céu nublado seus olhos ficaram ainda mais azuis. E cada dia que passava eles ficavam mais doces e familiares pra mim. E agora, eu os vejo daqui do fundo da igreja, pronta pra entrar, pra ser sua pra sempre. Não que eu já não fosse desde aquele "singelo" atropelamento na esquina do bairro perigoso. Mas agora é como nos meus ensaios pra vida, eu já tenho as palavras na ponta da língua pra te dizer, e a sua bicicleta não vai me assustar e me impedir de falar  "Eu sabia que ainda te encontraria, naquela esquina qualquer".

Ana Paula de Almeida

Café de ontem

by Ana Paula de Almeida às 21:27 0 comentários


Não me faz mais tantas perguntas. Não tenta entender os meus motivos. Nem eu entendo, então não consigo te explicar. Como se a razão conseguisse explicar coisas que a gente só sente, não pensa. Se eu estivesse mesmo pensando, não te deixaria. Você tá sempre aí quando eu preciso, sendo um porto seguro, um colo, um abrigo. Mas não dá mais, eu não entendo suas palavras, suas interrogações.
Tô te deixando porque sinto que não sou mais a melhor companhia pra você. E isso não tá relacionado às nossas brigas, mas a nossa sintonia. Eu te olho nos olhos e não te reconheço. Eu te beijo mas não me encaixo. Eu não quero mais ser metade pra você. Porque eu sempre fui toda sua. E você foi todo meu. E a gente era um só. Mas agora parece que é só você, e não eu.
Eu sei que você gosta de mim, eu nunca duvidei disso. Eu também gosto de você, mas não do mesmo jeito. Não sei se é desgaste, se foram as suas mentiras, ou as minhas. Só sei que não é mais do mesmo jeito. Nosso amor já tá com gosto de café passado no dia anterior. A gente não devia ter voltado daquela vez. Aquela noite devia ter ficado apenas nos lençóis.
A fogueira que existia entre a gente no começo foi abrandando, virou uma brasa, e agora são só cinzas. Cinzas ainda quentes, mas cinzas.
Só não fica me questionando o porquê. Por que? Porque eu não sei o porquê. E se eu for tentar te explicar eu vou tropeçar nas palavras e nas suas roupas espalhadas pelo chão da sala. Você sabe que eu não sou boa com perguntas, prefiro às de "sim ou não". Não sei dar mais alternativas. E no nosso caso as alternativas são "sim, a gente vai tentar de novo" e "não, não dá mais". E eu escolho, "não, não dá mais", não dá mais pra ficar engolindo o gosto amargo do café de ontem.
Só não tenta entender, porque eu também não entendo. Não te entendo mais, não me entendo mais. Não nos entendo. E talvez o nós precise virar eu e você pra gente voltar a se entender.

Ana Paula de Almeida

Jardim

by Ana Paula de Almeida às 18:10 0 comentários

E se a gente for pensar, a vida é feito um jardim. Pra gente viver, tem que ter alguém que regue, adube, e dê amor. A gente é feito rosa, bonita, cheia de cor e perfume, mas também tem espinhos. Se não souber pegar uma rosa com cuidado, você se machuca ao invés de contemplar a beleza da flor. A gente precisa de água pra viver, e de amor pra sobreviver. Minha avó me ensinou a amar as rosas, e as pessoas. Porque as rosas precisam de amor pra se manterem bonitas, e as pessoas também.
Pensando bem, por mais bonita que seja a flor, sempre vai existir alguém disposto a despedaçar as pétalas. E sempre vai existir alguém que vai se deslumbrar com a beleza das cores e vai sufocar o desabrochar das rosas. Alguém que vai se esquecer que até as mais belas rosas tem espinhos. 
Mas a beleza de tudo está na imperfeição das coisas. E no amor que a gente deposita sobre as coisas, e as pessoas, imperfeitas. Eu não deixo de amar as rosas porque elas tem espinhos e não deixo de amar as pessoas porque elas tem defeitos. Pra mim, as cores e o perfume das rosas valem mais que meia dúzia de espinhos pontudos. E os sorrisos e carinhos valem mais que pisadas no jardim dos outros que a gente dá ao longo da vida.
Pensando bem, eu vou regar o meu jardim pra que dele nasçam muitas rosas, carinhos e sorrisos.

Ana Paula de Almeida

White Album

by Ana Paula de Almeida às 17:13 2 comentários

Sabe o que me dá mais raiva depois de tudo? É lembrar quantas vezes eu disse a mim mesma que não podia gostar de você. Como se o coração obedecesse a razão. Eu, que sempre me gabei por não me apegar, por não sofrer pelos outros, tava ali, de "quatro" por você. E no melhor sentido. 
Sabe o que me dá mais raiva? É você ter se apropriado das minhas canções melosas dos Beatles. Você podia ter levado as do Keane, do Coldplay, do Snow Patrol, mas não, você quis ser tão marcante que levou meus Fab4. E agora eu não consigo ouvir mais "Sexy Sadie" sem sentir essa maldita saudade de você. E eu não me orgulho, nem um pouco.
Não me orgulho de ter deixado me levar pelas suas piadas sem graça, pelos seus carinhos na minha barriga, pela sua barba roçando no meu pescoço. Porque você tinha de ser tão especial se não podia ser meu? Por que você brincou tanto assim comigo?
Por que logo eu, tão pequena na minha fragilidade, que nunca brinquei com os sentimentos de ninguém, sempre ajudei os velhinhos a atravessarem a rua, sempre paguei minhas contas em dia, porque eu? Eu nunca fui nem a mais bonita nem a mais legal da minha turma. Eu era engraçada, mas e daí? 
E por que eu não posso mais olhar pro meu "White Album" sem lembrar daquele dia que você me contou de quando seu pai te deu de presente esse cd no seu aniversário de 6 anos? Por que eu não consigo tirar o seu perfume do meu travesseiro e da minha memória? Por que eu procuro seus vestígios em cada canto dessa casa, no cigarro apagado na mesa de centro, no sapato jogado pelo corredor, na minha caneca preferida suja de café e no porta retrato com a nossa foto na estante da sala? Por que, depois de tudo, eu ainda queria que você estivesse aqui me dizendo o quanto meus olhos ficavam verdes quando refletidos na réstia de luz que entrava pela fresta aberta da janela? 
Por que mesmo depois de tantas lágrimas eu seria capaz de enxugá-las e te aceitar de volta se você dissesse que sim? E por que eu fico todos os dias olhando pra porta esperando você entrar por ela com sua camisa de flanela e sua mochila detonada de tanto vagar por aí a procura de um abrigo, sendo que seu abrigo sempre foi, e sempre será eu? E eu vou estar te esperando, com Sexy Sadie no rádio, café na mão e meu colo pronto pra sua cabeça deitar. Como sempre foi. 

Ana Paula de Almeida

18 de outubro de 2011

See you soon

by Ana Paula de Almeida às 12:42 0 comentários
Todo mundo tem um dia na vida em que parece que nada vai dar certo. Você perde a confiança em si e nos outros, parece que todo mundo está contra você e você não acredita que existe luz no fim do túnel. As lágrimas parecem que nunca irão secar e que nada nem ninguém pode segurar a sua mão. Você está a beira de um precipício e nem num galho seco você pode segurar. E você olha para os lados e se pergunta onde estão seus amigos, as pessoas que sempre disseram te amar e te ajudar. É nessas horas que eles mais estão ao seu lado, só que é como se uma nuvem negra tivesse a sua volta e você não enxerga nada. Eu sei, é difícil, mas confie. Quando não tiver mais em quem confiar, confie em você, na sua força, Não perca a confiança. Você pode estar num quarto com todas as janelas fechadas, mas até por janelas fechadas entram frestas de luz. Você já viveu isso, você sabe que é mais forte que qualquer escuridão. Você pode, e eu vou estar aqui. Quando não houve mais lenços pra enxugar suas lágrimas, eu te ofereço as mangas da minha blusa. Quando a sua cabeça estiver pesada de tantas preocupações, eu te ofereço meu colo pra você descansar. Quando você não tiver mais forças pra sorrir, eu te conto uma das piadas sem graça, que você sempre ri. Quando você não vir mais luz no fim do túnel, eu acendo uma lanterna e faço bichinhos com a sombra. Acredite, eu não vou deixar você cair, e eu vejo você em breve.

Texto baseado na música See You Soon - Coldplay

17 de outubro de 2011

Na adega

by Ana Paula de Almeida às 23:34 0 comentários

Hoje, enquanto fazia compras no supermercado, parei pra pensar em nós dois. Eu sei, corredor de supermercado não é lugar pra pensar, tem várias pessoas querendo colocar seus produtos no carrinho, pagar e ir embora, tudo o mais rápido possível. Mas não pude evitar pensar em você quando cheguei no corredor dos vinhos. Tudo bem, na "adega", como você insiste em me corrigir. Mas aí eu insisto que adega pra mim é daquelas dos restaurantes chiques, e não a do corredor de supermercado. E aí você me diz que o corredor é climatizado, com prateleiras especiais, então é adega. Então a gente ri um do outro e continua empurrando nosso carrinho. Mas hoje, como estava sozinha, resolvi pensar em você e na primeira vez que a gente se viu. Você se lembra, foi na "adega" do supermercado. Eu havia acabado de mudar, era nova na cidade, recém formada da faculdade e pela primeira vez morando sozinha. Era minha primeira vez no supermercado sozinha, também. Mal sabia o que comprar. Aí eu cheguei na "adega" e resolvi que iria comprar um vinho, afinal, sempre vi meu pai comprando vinhos. Na verdade, eu nem gostava de vinhos, mas meu pai sempre gostava de receber os amigos em casa, e cada vez era uma garrafa diferente. Ele dizia que o vinho era uma ótima bebida para se tomar com os amigos, pois era forte mas casual. Nunca entendi muito bem, mas queria que a minha casa nova fosse cheia de amigos. E eu achava os vinhos muito chiques, como as amigas sempre perfumadas da minha mãe. Mas eu nem sabia comprar vinhos, por mim, iria no de menor preço. Aí, enquanto eu travava um dilema na "adega" do supermercado você apareceu. De calça clara, camisa de algodão e barba por fazer. Me recusaria a acreditar que você entendia de vinhos. Meu pai entendia de vinhos, mas era um homem muito elegante e distinto. Você parecia um menino, e eu era uma menina. Aí você me deu uma aula de vinhos, e me recomendou um suave de mesa. Eu só conseguia pensar em como um rapaz tão lindo e despojado poderia entender de vinhos. Vinho pra mim era coisa de velho, era coisa dos amigos dos meus pais. E você me intrigou. Eu comprei o suave, e nós tomamos juntos, no nosso primeiro encontro. E eu adorei o vinho. E adorei você. Você me ensinou a gostar de vinhos e a gostar de você. E depois dos vinhos, eu aprendi dos queijos, dos livros, dos discos. A gente sempre teve um gosto muito parecido, ou foi você que me ensinou a gostar de tudo que você gostava? Eu não sei. Mas sei que a nossa relação é como os vinhos. A cada dia que passa, fica melhor. Quanto mais "velha", mais gostosa. E foi aí que eu decidi comprar um vinho pra te deixar feliz, já que você me faz feliz desde o dia que a gente se encontrou na "adega" do supermercado. E eu continuei empurrando meu carrinho e pensando em construir uma adega na nossa casa. A nossa adega, o nosso amor.

22 de agosto de 2011

Acorda pra vida!

by Ana Paula de Almeida às 12:21 4 comentários


Tem gente que merece um "sacode", daqueles bem fortes mesmo pra ver se acorda. Quantas vezes eu já quis mandar um "acorda idiota, o mundo não gira ao seu redor!", porque não gira mesmo. Eu aprendi na escola que o mundo gira ao redor do sol, e que eu saiba isso não mudou. É que tem gente que acha que resolve alguma coisa reclamando da vida. Vou te ser sincera: não resolve nada e só enche o saco de quem tem que ficar ouvindo suas lamentações.
Você já parou pra pensar que enquanto você está aí reclamando dos seus problemas medíocres, tem gente tentando descobrir a cura do câncer? Ou pior, tem gente morrendo de fome sem que ninguém olhe por eles? Isso sim é sofrer. Meu amigo, ninguém morre por amor, por desemprego ou por qualquer outra lamentação que você adore ficar bradando ao mundo. Pode ter certeza que tem gente que tá mais na pior que você e nem por isso fica chorando pelos cantos.
Acorda! O motivo do seu sofrimento é você! Você e só você. Não que que os seus problemas sejam causados por você, mas ficar chorando por aí não vai resolver nada. Me diz uma vez, além de quando você era um bebê, que reclamar resolveu algo? Seja a mudança que você quer ver!
Pare de ficar esperando dos outros a solução dos seus problemas quando a solução está nas suas mãos. Não espere nada de ninguém, faça por eles o que você queria que fizessem por você. Aprenda que doar é melhor que receber. Use seu potencial pra fazer com que as pessoas se orgulhem de você. Não queira ser motivo de pena, mas sim de orgulho, de admiração. E, francamente, ficar se lamentando não vai ajudar muito nisso.
Sua mãe nunca te disse que não vale a pena chorar pelo leite derramado? Pois então. E outra, não espere dos outros a solução que você pode criar. Se Benjamin Franklin tivesse esperado que outro cientista descobrisse a eletricidade, hoje em dia a gente ainda poderia estar vivendo a base de lampião! Não peça pros outros, faça! Crie, inove.
Sorria mais e reclame menos. Faça dos seus problemas uma piada, por mais difíceis que eles pareçam. Sorrir dos problemas é a forma mais fácil de se livrar deles. Não culpe os outros por coisas ruins que aconteceram com você. Você é o culpado pela sua dor, assim como é o responsável pela sua felicidade. As coisas só acontecem quando você permite que elas aconteçam. Não culpe seu amado por ter te deixado, se abra pro amor de novo. A felicidade não vai bater na sua porta, você sabe muito bem onde ela está: vá bater na porta dela! Deus dá asas para os pássaros, mas eles tem de aprender sozinhos como voar. Com a gente é assim também, nós temos as ferramentas, mas temos de saber como usá-las. Como se faz isso? Cada um tem seu jeito, descubra o seu.
Ficar sentado aí no sofá, imaginando como as coisas seriam se fossem de outra forma não vai mudar a sua realidade. Mude por você e não pelos outros. Você pode ter o amor que sonha, o emprego que sonha, a casa que sonha, o carro que sonha, só depende única e exclusivamente de você.
E reclamar, se lamentar e se arrepender não vai te levar ao sucesso. Não se arrependa pelo que deixou de fazer, mas se orgulhe pelo que você fez. Seja positivo. As coisas são mais fáceis quando você acredita no seu potencial. Então, acredite. Você pode. Sonhe, mas faça seu sonho se realizar.
Não espere o reconhecimento das pessoas pra fazer a coisa certa. Tenha sim, a certeza de que fez a coisa certa, mesmo que ninguém reconheça ou te aplauda. O sol dá um show todos os dias, e mesmo assim, a maioria da platéia continua dormindo. Você tem que se aplaudir, se orgulhar de si mesmo. A chave para o seu sucesso está em você.

Ana Paula de Almeida

21 de agosto de 2011

Hello Stranger

by Ana Paula de Almeida às 23:34 0 comentários


Sempre tive o sonho de me apaixonar à primeira vista. Acho lindo isso, essa coisa de você ver alguém na rua e saber que ela é "a pessoa". Às vezes eu vejo uns caras muito bonitos e fico pensando que "é ele", mas a verdade é que eles nunca são. Eu não me orgulho de dizer que nunca me apaixonei à primeira vista. Mas também não conheço ninguém que tenha se apaixonado assim. Porém, eu acredito que ele exista. O amor, não o "ele". Bom, o "ele" também.
Mas sabe o que eu acho que acontece, comigo e com a maioria das pessoas? A gente se acostuma a amar e a sonhar de olhos abertos com cenas iguais a de "Closer", e fica esperando que encontre um Jude Law perdido no meio da multidão. Convenhamos né, se apaixonar pelo Jude Law é redundância. Mas enfim, os filmes de amor (e os livros, os poemas, os blogs de crônica) nos acostumam a querer que amores de ficção aconteçam com a gente. Eu acho que no amor tudo é possível, mas a gente fica esperando um amor de John Sparks, e quando ele não acontece, a gente se sente frustada e mal amada. É ou não é?
E nesse perigoso jogo, a gente acaba deixando passar oportunidades e pessoas reais, que podem ser muito mais interessantes que os filmes do Woody Allen. E por falar em oportunidade, eu acho que quem faz os romances somos nós. É ué? Porque não transformar seu namorado no Mr. Big de Sex and The City? O que te impede? Eu acho que todas as ladies merecem um príncipe (até eu!), mas a gente gosta mais de ficar achando defeitos nos nossos sapos que dar logo o beijo apaixonado que desfaz o encanto. Quem dá o tom do romance somos nós! Romances prontos estão nos livros, e assim como vocês, eu já li um monte e já sei a receita de cor pra fazer relacionamentos darem certo. Mas como eu não sei cozinhar muito bem, a maioria das vezes não consigo juntar os ingredientes. Complicado né, mas eu me esforço.
É claro que eu adoraria estar andando no meio da multidão, ser atropelada e o Jude Law vir me acudir e ganhar um lindo: "Hello Stranger". Mas eu não tô muito afim de me jogar na frente de um carro, só que nada me impede de chegar num estranho e fazer as coisas acontecerem, não é? Nada te impede também. Viu, eu já dei a receita, e eu vou tentar colocar em prática, porque você não tenta também?



Ana Paula de Almeida

11 de agosto de 2011

Covinha

by Ana Paula de Almeida às 00:34 0 comentários


Menina, já te disseram que quanto tu sorri forma uma covinha do lado direito? Já te disseram menina, que essas covinhas chegam até a serem sensuais de mais num rosto tão angelical quanto o teu? Aliás, esse rosto angelical abriga uns par de olhos que sorriem quando tu tá feliz. Já te disseram isso menina? Tu sorri com covinhas e com olhos. E dos teus cabelos lisos que caem sobre os teus ombros sardentos, já disseram?
Mas não sei o que acontece menina, mas faz tempo que não vejo suas covinhas pelo corredor. O que acontece que você não sorri mais, menina? A alegria dos seus olhos sorridentes deram lugar a uma expressão tão triste. Que acontece menina? Se abre pra mim, conta teus medos, eu quero te ver sorrir.
Eu sei o que acontece, e acho que o ladrão das tuas covinhas não merece essa tua cara tão triste. Eu vejo por baixo dessa franja olhos tristes, e eu sei o porquê delas estarem aí. Menina, você pode me falar. Você não sabe, mas eu te olho distante e sei identificar cada centímetro das tuas covinhas. E das tuas mãos pequenas e dos teus pés de bailarina. Tu faz balé, né menina? Tem uma graça e uma beleza que parece que quando anda, está dançando. Ah menina, não chora não. Eu fico aqui, te olhando comer e deslizar o garfo no arroz branco com salada e tentando desvendar onde foi que você escondeu teu sorriso. Você nem sabe que eu existo, mas eu sei que você tá triste menina, e eu queria poder devolver teu sorriso.
Se você deixar, eu posso tentar menina. Se você deixar, sorri pra mim e completa meu dia, menina.



10 de agosto de 2011

Alavanca

by Ana Paula de Almeida às 12:12 0 comentários


Tentar mandar no coração é como chover no molhado, uma redundância sem sentido. Não dá pra controlar o que a gente sente e por quem a gente sente. E quem diz que dá é porque nunca tentou lutar contra contra um sentimento que todo mundo dizia que não tinha sentido. Pior ainda lutar contra o que se sente, é lutar para sentir o que o mundo acha conveniente. Não acredito nessa história de "amor vem com o tempo". Carinho, admiração, proteção, zelo sim, amor não. Você ama a pessoa pelo que ela é, e não pelo que ela faz pra tentar te conquistar. Tentar gostar de quem gosta de você é como entrar num ringue sabendo que se vai perder. Você pode até conseguir um dia ter um sentimento que supra a necessidade de uma paixão avassaladora, mas a verdade é que paixão mesmo tem aquele momento crucial em que ela acontece e pronto. É como se existisse uma espécie de alavanca no seu coração, e de repente, alguém aparece e consegue puxar essa alavanca, sem você se dar conta de como ou porquê. Pode ser por um olhar, um sorriso, uma provocação, e num piscar de olhos sua perna treme toda vez que você o vê.
Falo por mim, não consigo viver sem as borboletas no estômago, o brilho no olhar, a falta de ar momentânea e aquela saudadezinha que dói. É isso que move a minha vida. E fico extremamente estressada e mau-humorada quando estou no relacionamento em que meu parceiro não tem a chave que desarma a "alavanca" de dentro do meu peito. É com isso que eu respiro, é minha bomba de oxigênio, é o que faz meus dias terem sentido, minhas noites terem sonhos bons, meus projetos irem pra frente, enfim, é o que me move.
Triste é quando você tem alguém incrível do seu lado, mas que por algum motivo desconhecido, não consegue puxar essa alavanca. Você tenta de toda forma puxar sozinha, fazer o trabalho por ele, mas é impossível. Por isso eu digo que a luta contra os sentimentos é uma luta que você sabe que vai perder, por mais que lute até o nocaute. Seja pra esquecer ou pra tentar sentir alguma coisa, os sentimentos, por mais que sejam nossos, não pertencem à gente. É engraçado né, é como se seu coração fosse uma jóia e seu peito fosse um cofre de banco: ele está lá, mas não é seu. Aí, um belo dia, você conhece o dono dele, que sem pedir permissão ou avisar com cinco dias de antecedência, tira ele de lá. Aí o estrago já está feito, depois que você dá seu coração pra alguém, não espere recuperá-lo do dia pra noite. É como aquela música da Ana Cañas: "Meu coração eu pus no bolso, mas apareceu um moço que tirou ele dali."
E quem consegue puxar essa alavanca, quem consegue tirar seu coração do bolso, te nocauteia de uma vez. Enquanto isso, tem gente que tenta de todas as formas tirar essa jóia do cofre, mas parece que de uma hora pra outra você esqueceu a senha. E não tem receita pra lembrar. Não tem como lutar contra esse carrasco que é o coração. Por mais metáforas que eu use pra descrevê-lo, ainda é impossível desvendar esse mistério.

Ana Paula de Almeida

9 de julho de 2011

Quando se perde o sentido

by Ana Paula de Almeida às 16:39 0 comentários


Tenho tentado me manter afastada de tudo que não me faz bem, do cafézinho da tarde ao cd Under the Iron Sea, do Keane. Não que eu não goste mais, é que tem me provocado dores físicas mesmo. Quando o que você mais ama passa a te machucar é a hora de se acostumar a viver sem. É claro que eu preferiria viver uma vida de aventuras mas com prazer que me privar de coisas que um dia me fizeram tão bem. Entretanto, chega uma hora que a queimação causada pelo café é maior que o prazer proporcionado pelo mesmo. E como tem amor que é assim, mais machuca que faz bem, mas não existe a coragem de dizer não quando ele está a nossa frente.
É fácil julgar as pessoas que se afundam em relacionamentos destrutivos quando se está de fora. Porém, eu já vivi um amor assim, e por muito tempo suportava segurando numa ponta de esperança como uma pessoa que está a beira de um abismo e se sustenta num galho seco. Quando as lágrimas se tornam mais frequentes que os sorrisos é sinal de que a ponta do galho seco não está mais sustentando, mas está esfolando suas mãos e te fazendo cair no precipício. Quantas vocês você já se perguntou se valia a pena, e mesmo sabendo que não, continuou seguindo em frente?
Mas chega uma hora que as mãos estão calejadas e demais e você resolve se jogar. E é nesse momento que, como um milagre ou um passo de mágica, uma força te joga pra cima e te ajuda a levantar. É porque você estava a beira desse abismo justamente por carregar um fardo que te deixava pesado demais pra se levantar. Algumas pessoas dizem que não desistem até chegar ao final, mas não se dão conta de que o final só chega quando você desiste. Às vezes é melhor ser "covarde" a ponto de dizer não em nome do amor próprio que agir pelo impulso hedonista de se conseguir o prazer imediato, mesmo sabendo que as consequências futuras não pagam em nem um terço a sensação boa do início.
Tem uma hora que tudo perde o sentido, todo seu esforço, sua resiliência, sua resistência e sua insistência passa a valer nada, e o melhor nessas horas é dizer "eu não quero mais". É que se tanto medo de abandonar o que um dia te fez bem, pois acredita-se que nunca nada substituirá essa sensação. Mas eu digo com propriedade: nada é insubstituível. E quando se aprende a desapegar de prazeres destrutivos é como se os olhos se abrissem de uma cegueira proposital e se passam a enxergar outros pequenos prazeres da vida. É só ter a coragem de dizer: "Isso não faz sentido e eu não quero mais".

Ana Paula de Almeida
 

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