16 de novembro de 2011

Café de ontem

by Ana Paula de Almeida às 21:27


Não me faz mais tantas perguntas. Não tenta entender os meus motivos. Nem eu entendo, então não consigo te explicar. Como se a razão conseguisse explicar coisas que a gente só sente, não pensa. Se eu estivesse mesmo pensando, não te deixaria. Você tá sempre aí quando eu preciso, sendo um porto seguro, um colo, um abrigo. Mas não dá mais, eu não entendo suas palavras, suas interrogações.
Tô te deixando porque sinto que não sou mais a melhor companhia pra você. E isso não tá relacionado às nossas brigas, mas a nossa sintonia. Eu te olho nos olhos e não te reconheço. Eu te beijo mas não me encaixo. Eu não quero mais ser metade pra você. Porque eu sempre fui toda sua. E você foi todo meu. E a gente era um só. Mas agora parece que é só você, e não eu.
Eu sei que você gosta de mim, eu nunca duvidei disso. Eu também gosto de você, mas não do mesmo jeito. Não sei se é desgaste, se foram as suas mentiras, ou as minhas. Só sei que não é mais do mesmo jeito. Nosso amor já tá com gosto de café passado no dia anterior. A gente não devia ter voltado daquela vez. Aquela noite devia ter ficado apenas nos lençóis.
A fogueira que existia entre a gente no começo foi abrandando, virou uma brasa, e agora são só cinzas. Cinzas ainda quentes, mas cinzas.
Só não fica me questionando o porquê. Por que? Porque eu não sei o porquê. E se eu for tentar te explicar eu vou tropeçar nas palavras e nas suas roupas espalhadas pelo chão da sala. Você sabe que eu não sou boa com perguntas, prefiro às de "sim ou não". Não sei dar mais alternativas. E no nosso caso as alternativas são "sim, a gente vai tentar de novo" e "não, não dá mais". E eu escolho, "não, não dá mais", não dá mais pra ficar engolindo o gosto amargo do café de ontem.
Só não tenta entender, porque eu também não entendo. Não te entendo mais, não me entendo mais. Não nos entendo. E talvez o nós precise virar eu e você pra gente voltar a se entender.

Ana Paula de Almeida

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