20 de março de 2010

Desabafo de uma pegadora de busão

by Ana Paula de Almeida às 20:16 4 comentários




Há algum tempo, mais precisamente cinco anos, que meu quase absoluto meio de locomoção tem sido o transporte mais popular, democrático e coletivo que existe : o ônibus. Quando fui estudar longe de casa pela primeira vez, nunca tinha andado de ônibus sozinha. A escola era na mesma cidade, mas pra chegar até lá eu precisa pegar o transporte. E foi assim por três anos seguidos. Assim que terminei o ensino médio logo ingressei na faculdade, e a minha vida de "pegadora" de busão continuou a todo vapor. Contabilizando então, é meia década ininterrupta na mesma rotina de sobe no ônibus, passa a roleta, paga passagem, dá sinal, desce no ponto... e aí por diante. Sendo o ônibus um transporte que carrega pessoas de todos os tipos e idades, para os mais diversos destinos e objetivos, é possível imaginar quantas histórias eu já presenciei, e participei, dentro do veículo.

Para começar, como disse no início, andei de ônibus pela primeira vez sozinha quando tinha mais ou menos 14 anos. É claro que eu já tinha viajado de "busão", porém sempre na companhia da minha mãe, ou de alguma outra pessoa. Para agravar a situação, eu não sabia onde descia pra ir pra escola, minha mãe queria me levar mas eu impedi terminantemente, afinal, eu estava no primeiro ano do ensino médio e não no jardim de infância. Fui pro ponto, com umas duas horas de antecedência porque eu odeio me atrasar, esperei o ônibus e quando ele chegou eu saquei meu passe escolar do bolso e subi. Acho que o cobrador realmente viu pela minha cara que eu nunca tinha andado de ônibus sozinha, porque quando eu fui passar pela roleta eu empurrei com as mãos ao invés do corpo, e a roleta acabou indo sem mim, e eu tive que pagar duas passagens. Eu tenho certeza que a minha mãe sabia que isso ia acontecer quando colocou uns cinco passes de reserva na minha mochila. Pois bem, senti meu rosto queimar, eu devo ter ficado roxa de vergonha, fui de cabeça baixa e sentei bem no fundo. A minha maior preocupação era onde descer, mas a minha sorte é que outras pessoas que estudavam na mesma escola pegaram aquele mesmo ônibus.

Depois desse dia, não tive mais esse tipo de constrangimento, porém ao longo dos anos protagonizei e presenciei muitas outras histórias bizarras dentro de um ônibus. Uma vez eu cai quando o grande veículo passou em cima de uma lombada e, detalhe, o ônibus estava lotado. Dá pra sentir que todo mundo riu da minha cara, mas como eu estava com os meus amigos acabei caindo na gargalhada também. Eu já falei muita besteira quando devia ficar quieta, principalmente quando vinha em ônibus cheio, portanto, quando estava no ensino médio fui o motivo da alegria e da gozação de muita gente. Mas, quando eu estava com a galera eu nem ligava, falava porcarias intecionalmente, o difícil era quando eu pagava mico sozinha. Como da vez em que uma criança vomitou em mim, mas aí o mico não foi minha culpa, mas quem ficou fedendo no ônibus fui eu. E o pior foi que esse dia estava fazendo muito frio, então ninguém conseguia ir com a janela aberta, dá pra imaginar a situação. Outra vez que eu não tive culpa nenhuma mas paguei o pato, só que dessa vez com o ônibus todo, foi quando, já na faculdade, soltaram o extintor dentro do "busão". Quase morri sufocada, mas o pior foi que eu quase entrei em pânico pensando que o que estava acontecendo era um incêndio.

Mas também não é feita só de micos e furos a minha trajetória pelos ônibus desse meu Brasil, tenho muitas histórias legais pra contar. Já fiz muitos amigos no trajeto escola-trabalho-trabalho-casa, e amigos de verdade, afinal, quando você encontra alguém todos os dias é impossível não criar certa afinidade com ele. Já me apaixonei muitas vezes nesses ônibus da vida, paixão à primeira vista mesmo. Só que às vezes ficava só na primeira vista, porque depois a pessoa nunca mais pegava ônibus comigo (rs). Não vou mentir, já beijei muuuuuuuito dentro de ônibus, algumas vezes foi bom, outras nem tanto. Já se declaram pra mim, e eu já fui pedida em namoro muitas vezes nesse mesmo local. Pensando por um lado, andar de ônibus te proporciona conhecer muitas pessoas diferentes e legais, basta deixar o preconceito de lado e se abrir para os mais variados tipos que você encontrar dentro do famoso "busão.

Porém, mesmo gostando da proposta do veículo, e acreditando que ele pode ser uma das alternativas para se conter o aquecimento global, afinal, ao andar de ônibus as pessoas deixam os carros em casa e isso diminui a incidência de monóxido de carbono na atmosfera, o meu maior problema com o "Mercedes" fica por conta dos atrasos. Ultimamente, tenho chegado meia hora mais tarde na faculdade e em casa, e isso realmente me deixa muito irritada. Dá até vontade de ser um daqueles rebeldes que quebram ônibus por ai, mas não faço isso porque se não tiver o ônibus aí que eu não chego a lugar nenhum mesmo.

É um desabafo, odeio quando ônibus atrasa, quebra e acaba me deixando na mão. Mas vou vivendo essa minha vida de "pegadora de busão" até quando Deus quiser, ou até eu tirar minha habilitação e comprar um carro, ou uma moto. Porque eu até sei andar de bicicleta, mas acho meio arriscado porque eu não tenho muito senso de direção, mas isso já é outra história. Por enquanto é só.

Beijo no cérebro.



Ana Paula de Almeida








14 de março de 2010

Deixa o verão pra mais tarde

by Ana Paula de Almeida às 11:24 5 comentários

frio 
Peguei o trecho de uma música do Los Hermanos, que também foi gravada pela Mariana Aydar, para especialmente no último domingo de verão escrever esse texto, de boas vindas, para o outono que está vindo ai, e para o inverno que logo chega também. Tudo bem que a maioria das pessoas ama o verão, diz que o verão é a estação da alegria, do alto-astral e essas coisas. Porém, não existem estações que eu mais ame nessa vida que o outono e o inverno. Pra mim, não tem coisa mais gostosa que ficar debaixo do cobertor assistindo filme e comendo pipoca, dormir de conchinha, andar de meia pela casa, sentir aquele ventinho frio que congela o nariz! Sem falar das comidas de inverno, que são as mais deliciosas, e que a gente come sem culpa, porque o corpo tem que armazenar energia pra aguentar o frio, então engordar não é problema. Agora um dos aspectos que mais me agradam no inverno são as roupas, tanto pra homem quanto pra mulher, que são muito elegantes e ao mesmo tempo estilosas. Sempre espero árduamente pra poder "desenterrar" do meu guarda-roupa meus casacos, suéteres, cachecóis, luvas, cardigãs, botas, sapatos e tudo mais. Todo mundo fica mais chique no inverno, isso é fato!
Eu nunca gostei muito do verão, considerando-se que piscinas, praias e cachoeiras não fazem parte dos meus roteiros preferidos. Sempre gostei de lugares onde você se arruma pra ir, e continua arrumado quando volta. Desde pequena sempre amei o inverno, até porque eu sou uma pessoa que adora dormir, e existe melhor estação do ano pra isso? Bom, eu acho que não, afinal, não consigo dormir muito bem quando está calor. Agora, o único contratempo no inverno é ter que acordar cedo, isso eu admito de coração aberto, até porque já passei por épocas em que eu tinha que sair da minha cama quentinha às cinco da manhã. Apesar de que sair da cama no inverno em qualquer horário é um problema pra mim. Meus fins de semana gelados se resumem a cama-sofá, sofá-cama, tudo com um bom arsenal de edredons e cobertores. Mas eu adoro sair no inverno, ir à bazinhos tomar bebidas que esquentem, comer fondue, e mais um monte de coisas super calóricas. Então, resumindo, meus finais de semana no inverno são um dia inteiro repousando, e a noite um programinha pra esquentar.
Outra coisa que eu amo no inverno é namorar, bom isso eu amo o ano inteiro, mas no inverno tem aquele tempero especial : o frio! E quem não sabe que o melhor calor pra espantar o frio é o calor humano? Isso é comprovado científicamente, e nada melhor do que se esquetar do lado de quem se gosta. Acho que o dia dos namorados no Brasil é numa data estratégica, 12 de junho, que é no auge do frio por aqui. Ainda não é inverno, mas a gente já sente bastante a queda das temperaturas. Até porque, o Valentine's Day no resto do mundo é em 14 de fevereiro, quando aqui no Brasil a população está quase derretendo debaixo do sol. E que graça teria comemorar o dia dos namorados num calor desses? Nem chocolate ia poder ser presente porque ia derreter antes que fosse dado ao amado, ou amada. E onde ele é comemorado no dia de São Valentim, é altamente frio, porque é geralmente no hemisfério norte, onde as estações são o inverso daqui do Brasil.
Agora o outono é a minha estação preferida, porque é um misto de verão e inverno, não faz nem tanto calor, nem tanto frio, e se caracteriza por um clima agradável, meio seco, mas no ponto pra minha felicidade. É claro que eu gosto mais dos dias frios, mas um dia ou outro um calorzinho não faz mal pra ninguém não é? Só que o verão me irrita um pouco porque chega uma hora que ninguém aguenta mais se ver, se tocar, todos estão incomodados com as roupas, com a transpiração, é chato mesmo. Por isso eu gosto do inverno, ficar "aninhada" debaixo das cobertas, quetinha no meu canto, é comigo mesmo! E se tiver uma compainha pra ajudar a espantar o frio melhor ainda!

Ana Paula de Almeida


7 de março de 2010

Não se discute e ponto.

by Ana Paula de Almeida às 16:25 2 comentários
indiscutível 
Se tem três coisas pelas quais eu acho extremamente inútil de se discutir, essas são: política, futebol e religião. Sinceramente, essas são questões extremamente contraditórias e pelas quais não vale a pena se aborrecer e gastar saliva. Até porque, você pode chegar a rolar no chão tentanto convencer alguém sobre o seu ponto de vista, e ele pode até aceitar a sua opinião, mas vai continuar tendo a mesma percepção de mundo de antes de começar a discussão. E o que é pior, no meio de uma discussão que envolva um dos itens citados acima, você perder um amigo, ou ganhar um inimigo, na melhor das hipóteses.Não adianta tentar convencer um ateu de que Deus existe e está presente em todas as coisas do universo, que de contraponto ele sempre vai ter uma tese que invalide a sua. Eu acredito em Deus, independente de qualquer coisa, mas reconheço que meus esforços para convencer quem não acredite Nele são inúteis. Ainda no campo da religião, a disputa mais acirrada é quando se defrontam um católico e um evangélico. É clara para ambas as partes que suas crenças provém de um mesmo ideal, o Cristianismo, mas as convicções de cada um são tão diferentes que a lei da física de que dois corpos não podem ocupar um mesmo lugar se tornam explícitas nessa situação. Acho que nem judeus e cristãos brigam tanto como católicos e evangélicos.

Outro ponto indiscutível é futebol. Mas esse é, francamente, o assunto que todo mundo acha inútil discutir, mas que ao mesmo tempo todo mundo ama criar um conflito sobre o tema. Até porque futebol é uma paixão quase mundial, e o time do coração é quase um filho, um marido (ou uma esposa) e que cada um tem o prazer de defender com unhas e dentes, mesmo que seu time seja o último na tabela do campeonato. Enfim, você sabe que não vai conseguir convencer seu amigo de que seu time é melhor que o dele, mas isso não impede que você liste 100 atributos de sua equipe do coração só pra poder afrontá-lo. Porém, continua sendo uma batalha inútil, gastação de saliva à toa, aborrecimento sem explicação.

E a política, outro assunto que se torna absurdamente perigoso quando discutido. Ainda mais quando de um dos lados, ou dos dois, está alguém com uma visão muito decidida em relação à política. E nesse caso, não importa se a visão é de direita ou de esquerda, a discussão pode levar dias, meses, anos, e nenhuma das partes, sob hipótese alguma vai ceder. Então, mais uma discussão inútil na mesa.

Então vamos discutir a relação! Essa pode parecer uma discussão inútil pra muitas pessoas, vulgo homens, mas no fim sempre se acaba chegando num consenso. Pode não ser um consenso tão consensual assim, alguma das partes vai acabar cedendo sob forte pressão. Mas no fim tudo se resolve não é?

Vamos discutir sobre moda, música e cinema. Algumas vezes pode ser inútil, mas as pessoas com bom gosto músical/fashion/cinéfilo , sempre acaba vencendo e convencendo. Então já não é mais tão inútil assim...

Agora me irrita profundamente quando alguém quer começar alguma discussão sobre religião, futebol ou política. Nesses campos, cada um tem a sua opinião, e que deve ser respeitada sob qualquer hipótese. E quando eu penso nisso é quando eu vejo o quanto é importante a liberdade de expressão. Mas essa liberdade tem um limite, que é até você ultrapassar o limite do outro, do próximo. Você tem liberdade pra pensar o que quiser, e expressar o seu pensamento, mas isso não lhe dá nenhum direito de forçar outras pessoas a pensarem como você.

Então fica o pensamento, a sua liberdade não pode interferir na liberdade do outro. Discutir sim, mas não tentar impor o seu ideal. Quando isso acontece a liberdade passa a ser ditadura, e a partir daí a liberdade não existe mais. Por isso eu digo, tem coisas que realmente não se discutem.

Ana Paula de Almeida
 

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