4 de novembro de 2010

Exigências demais

by Ana Paula de Almeida às 13:01 0 comentários


Acordei hoje querendo desabafar, é isso. Analisando minha atual situação de amor não correspondido, e pode até parecer uma piada, mas o grande problema da maioria das pessoas não é não saber amar, mas é exigir demais. A gente passa a vida toda querendo viver um amor idealizado, aquele de novela, e acaba deixando o amor de verdade passar sem que a gente perceba. Ou a gente percebe esse amor, mas por orgulho, por medo de não dar ou por insegurança, acaba deixando passar também.
A queixa da maioria das mulheres em relação aos homens é bem semelhante. Quem nunca ouviu uma reclamação do tipo "ele não me ouve, não presta atenção no que eu falo"? Mas a realidade é que o que você quer não é alguém que escute detalhadamente como foi o seu dia, o que você deseja é que no meio do seu monólogo reclamando de como o seu chefe é folgado ele te pegue pela cintura, te olhe com aquela cara de safado e diga: "vem cá, eu acho que você já falou demais hoje", e te envolva naquele beijo que só você conhece.
A mulher sonha com um homem que grite aos quatro ventos o quanto a ama, imitando aquelas cenas típicas de filmes americanos. Mas, no entanto, o que todas querem mesmo é ouvir ele sussurrar no seu ouvido o quanto você o deixa louco enquanto te encosta na parede.
Você quer que ele perceba sua roupa nova, seu cabelo arrumado, mas você fica mesmo sem fôlego com o olhar dele quando te vê chegando. Aquele olhar que faz você ganhar, mesmo sem que nenhuma palavra tenha sido dita.
Você quer alguém carinhoso, compreensivo, que te console nos dias de tpm. Mas aposto que você nunca agradeceu aquele abraço apertado que faz o mundo paralisar. Você quer consolo, carinho e compreensão maior que essa?
Aí está o nosso problema: nós não queremos demais, só exigimos além do que temos. Eu já sofri muito por isso, e hoje aprendi, não quero os engraçados, os arrumados, os carinhosos e nem os cafajestes. Eu só quero aquele, aquele que só de me olhar consegue fazer todos os ossos do meu corpo amolecerem. Quero aquele que me confunde com as piadas sarcásticas e que sabe me deixar arrepiada só de encostar na minha barriga. Quero não aquele que se declara por meio de músicas ou de poemas, mas aquele que deixa escapar o que sente por mim quando sorri sem graça depois de um elogio meu.
Não quero o amor idealizado, das manifestações explícitas. Quero o amor dos detalhes, dos toques, dos carinhos, das piadas sem-graça, das ironias e dos elogios entrecortados. Quero o amor que só ele, todo errado do jeito dele, pode me dar.

Ana Paula de Almeida
 

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