Falo por mim, não consigo viver sem as borboletas no estômago, o brilho no olhar, a falta de ar momentânea e aquela saudadezinha que dói. É isso que move a minha vida. E fico extremamente estressada e mau-humorada quando estou no relacionamento em que meu parceiro não tem a chave que desarma a "alavanca" de dentro do meu peito. É com isso que eu respiro, é minha bomba de oxigênio, é o que faz meus dias terem sentido, minhas noites terem sonhos bons, meus projetos irem pra frente, enfim, é o que me move.
Triste é quando você tem alguém incrível do seu lado, mas que por algum motivo desconhecido, não consegue puxar essa alavanca. Você tenta de toda forma puxar sozinha, fazer o trabalho por ele, mas é impossível. Por isso eu digo que a luta contra os sentimentos é uma luta que você sabe que vai perder, por mais que lute até o nocaute. Seja pra esquecer ou pra tentar sentir alguma coisa, os sentimentos, por mais que sejam nossos, não pertencem à gente. É engraçado né, é como se seu coração fosse uma jóia e seu peito fosse um cofre de banco: ele está lá, mas não é seu. Aí, um belo dia, você conhece o dono dele, que sem pedir permissão ou avisar com cinco dias de antecedência, tira ele de lá. Aí o estrago já está feito, depois que você dá seu coração pra alguém, não espere recuperá-lo do dia pra noite. É como aquela música da Ana Cañas: "Meu coração eu pus no bolso, mas apareceu um moço que tirou ele dali."
E quem consegue puxar essa alavanca, quem consegue tirar seu coração do bolso, te nocauteia de uma vez. Enquanto isso, tem gente que tenta de todas as formas tirar essa jóia do cofre, mas parece que de uma hora pra outra você esqueceu a senha. E não tem receita pra lembrar. Não tem como lutar contra esse carrasco que é o coração. Por mais metáforas que eu use pra descrevê-lo, ainda é impossível desvendar esse mistério.
Ana Paula de Almeida
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