10 de agosto de 2011

Alavanca

by Ana Paula de Almeida às 12:12


Tentar mandar no coração é como chover no molhado, uma redundância sem sentido. Não dá pra controlar o que a gente sente e por quem a gente sente. E quem diz que dá é porque nunca tentou lutar contra contra um sentimento que todo mundo dizia que não tinha sentido. Pior ainda lutar contra o que se sente, é lutar para sentir o que o mundo acha conveniente. Não acredito nessa história de "amor vem com o tempo". Carinho, admiração, proteção, zelo sim, amor não. Você ama a pessoa pelo que ela é, e não pelo que ela faz pra tentar te conquistar. Tentar gostar de quem gosta de você é como entrar num ringue sabendo que se vai perder. Você pode até conseguir um dia ter um sentimento que supra a necessidade de uma paixão avassaladora, mas a verdade é que paixão mesmo tem aquele momento crucial em que ela acontece e pronto. É como se existisse uma espécie de alavanca no seu coração, e de repente, alguém aparece e consegue puxar essa alavanca, sem você se dar conta de como ou porquê. Pode ser por um olhar, um sorriso, uma provocação, e num piscar de olhos sua perna treme toda vez que você o vê.
Falo por mim, não consigo viver sem as borboletas no estômago, o brilho no olhar, a falta de ar momentânea e aquela saudadezinha que dói. É isso que move a minha vida. E fico extremamente estressada e mau-humorada quando estou no relacionamento em que meu parceiro não tem a chave que desarma a "alavanca" de dentro do meu peito. É com isso que eu respiro, é minha bomba de oxigênio, é o que faz meus dias terem sentido, minhas noites terem sonhos bons, meus projetos irem pra frente, enfim, é o que me move.
Triste é quando você tem alguém incrível do seu lado, mas que por algum motivo desconhecido, não consegue puxar essa alavanca. Você tenta de toda forma puxar sozinha, fazer o trabalho por ele, mas é impossível. Por isso eu digo que a luta contra os sentimentos é uma luta que você sabe que vai perder, por mais que lute até o nocaute. Seja pra esquecer ou pra tentar sentir alguma coisa, os sentimentos, por mais que sejam nossos, não pertencem à gente. É engraçado né, é como se seu coração fosse uma jóia e seu peito fosse um cofre de banco: ele está lá, mas não é seu. Aí, um belo dia, você conhece o dono dele, que sem pedir permissão ou avisar com cinco dias de antecedência, tira ele de lá. Aí o estrago já está feito, depois que você dá seu coração pra alguém, não espere recuperá-lo do dia pra noite. É como aquela música da Ana Cañas: "Meu coração eu pus no bolso, mas apareceu um moço que tirou ele dali."
E quem consegue puxar essa alavanca, quem consegue tirar seu coração do bolso, te nocauteia de uma vez. Enquanto isso, tem gente que tenta de todas as formas tirar essa jóia do cofre, mas parece que de uma hora pra outra você esqueceu a senha. E não tem receita pra lembrar. Não tem como lutar contra esse carrasco que é o coração. Por mais metáforas que eu use pra descrevê-lo, ainda é impossível desvendar esse mistério.

Ana Paula de Almeida

0 comentários:

Postar um comentário

 

napaulices Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos