18 de maio de 2013

A beleza de ser o que se é

by Ana Paula de Almeida às 19:12 2 comentários

Esses dias vi um vídeo que satirizava jovens "hipsters" que fingiam gostar de bandas que nem existiam, só pra serem cools. Pensei comigo que eu já fiz muito isso na adolescência, não de fingir conhecer bandas que nem existiam, mas fingir gostar de bandas que eu nem conhecia só pra me enturmar. E é um comportamento comum nessa idade, afinal, é uma época de série crise de identidade, onde a gente quer de fato se encontrar em algum lugar. E um dia a gente se encontra e para de se importar com essa bobagem de fingir ser o que não é, e passa a assumir os verdadeiros gostos.
Não tem coisa melhor que ser bem resolvida a ponto de dizer que gosta de funk e de Beatles, no meu caso. E eu gosto mesmo, qual o problema? Eu não tenho preconceito musical, de verdade. Claro que eu não sou eclética a ponto de dizer que gosto de tudo, porque aí já é ser legal demais. Eu não gosto por exemplo de rap e samba. Não porque acho ruim, por que esse critério é muito subjetivo. E não se deve entrar nos méritos da subjetividade. Não sou ninguém pra julgar o que é bom ou ruim pro outro. Eu não gosto porque não gosto e ponto. Eu tenho esse direito, todo mundo tem.
O que não entra na minha cabeça é ser julgado por seus gostos. Oi? Estamos no ano de 2013 e tem gente que tem a audácia de classificar a pessoa pelo gosto musical. Um dia, um conhecido me disse que ninguém falava que eu gosto de funk porque sou toda delicada, menininha, gosto de moda etc. Quer dizer então que eu tenho que só pelo meu jeito de ser eu só posso gostar de pop, Britney, Beyoncè, Lady Gaga? Que inclusive eu amo, de paixão, sei todas as músicas. Eu gosto muito de muita coisa. Sou fã de Coldplay, de ter discografia e chorar em show. E sei todas as letras do Naldo e da Anitta.
Isso não define meu jeito de me vestir e nem meu modo de agir. Meu irmão ouve rap e não é bandido. Minha mãe ouve sertanejo e não é caipira. Eu sou apaixonada por música eletrônica e não uso ecstasy, nunca usei.
A menina que ouve funk e usa roupa curta não é prostituta e não te dá o direito de mexer com ela na rua e dizer coisas baixas. A menina que ouve rock e gosta de se vestir com calça rasgada e camiseta de banda não é depressiva e isso não te dá o direito de humilhá-la e olhar torto quando ela chega nos lugares.
Parem de rotular as pessoas e diminuírem alguém só pelo que ouve, veste ou gosta de fazer. E pare de fingir ser o que você não é por medo do que as outras pessoas vão pensar.
Não há graça melhor de ser o que se é. De não ter medo de dizer pra todo mundo que você gosta do som de preto e de favelado, mas que quando toca ninguém fica parado. Eu posso ouvir John Lennon e posso ouvir Bonde das Maravilhas que isso não me faz ~nem melhor, nem pior~(sdds orkut) que ninguém. Eu posso assistir minha novela ou meu BBB numa boa sem ninguém me dizer que é por isso que o Brasil não vai pra frente. Até porque não é desligando a tv na hora da novela que o país vai crescer, e sim a partir de atitudes muito maiores, que independem da pobre novela. Eu posso fazer o que eu quiser e tenho o direito de exigir que ninguém me rotule. E você também pode. E ninguém tem nada com isso.
 

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