20 de abril de 2010

Memória serve pra quê mesmo?

by Ana Paula de Almeida às 16:19

Fico pensando, a memória do ser humano deveria funcionar igual à memória do computador. Ter memória fixa e memória removível. E ainda por cima, quando precisasse, qualquer um poderia adicionar mais alguns megas ou gigas de memória pra compensar o tempo de uso ou o volume de informações. Seria perfeito, principalmente pra mim, que ando ultimamente com a memória cada vez mais desgastada. Detalhista por natureza, tenho uma memória altamente seletiva, e que por muitas vezes acaba não guardando o que deve. Por exemplo, sempre guardo o cheiro do perfume das pessoas, mas não guardo os rostos delas. O mesmo acontece com os nomes e telefones, sempre guardo, mas se eu vir a pessoa na rua simplesmente não a reconheço, ou então fico com aquela sensação de “conheço, mas não sei de onde”. Sempre guardo traços marcantes, como sorrisos, olhares e/ou pintas e cicatrizes. Se eu identificar esses pontos sou capaz de reconhecer a pessoa, senão, é quase impossível que eu me recorde de um rosto pelo qual não tenha tido contato por, no mínimo, três vezes.
O mesmo acontece com datas e recados. É muito difícil que eu guarde uma data de aniversário, guardo a do meu aniversário, mas ainda na semana dele acabo me esquecendo que dia é. Agora os recados são os meus grandes problemas, tenho que sempre andar com um bloquinho perto do telefone, pra que eu marque na hora o recado, e ainda assim esqueço que tenho que passar o recado pra pessoa. Minha mãe quer me matar quando eu faço isso, sempre acabo esquecendo de passar recados importantes pra ela. E não é por maldade, é mais forte que eu, esqueço e simplesmente me lembro quando o assunto já passou.
Outro grande problema com recados é quando me pedem pra “mandar beijos” pra alguém, podem ser abraços também, eu nunca me lembro de mandar. Depois vão cobrar, “a Ana Paula te mandou meu beijo?” e a pessoa fica sem saber o que dizer. Mas o que eu posso fazer? Só se eu andar por aí com fitinhas amarradas nos dedos pra poder lembrar de tudo. O pior é que do que eu não devo me lembrar, volta e meia eu acabo lembrando. Exemplo disso são cenas bizarras que eu vejo por aí, filmes de terror que me assustam ou o namorado de amiga que estava a traindo na balada. Não posso parar que essas cenas terríveis me voltam à cabeça, ocupando o espaço que deveria ser ocupado por coisas realmente importantes.
Por isso eu digo que a nossa memória deveria funcionar de modo semelhante à memória de um computador. Devíamos nascer com um aplicativo “lixeira”, onde poderiam ser depositadas todas aquelas imagens que nós definitivamente não queremos lembrar, como aquele dia em que nós pagamos aquele mico histórico, ou o dia que levamos um “pé-na-bunda”. Imagina só que perfeito seria! E no lugar desses arquivos inúteis, seriam depositadas todas as informações relevantes, como matérias de prova, recados a serem dados (isso no meu caso), números de telefone e senhas de banco.
E não só o cérebro entraria nessa “jogada”, mas o coração também. No coração eu sugeriria uma porta com entrada USB, onde nós só deixaríamos entrar o que vale a pena. Nada de “pen-drives” com vírus nem cafajestes safados. Só colocaríamos na entrada USB do coração aqueles “dispositivos” que realmente valessem à pena, e se ele começasse a dar problema era só clicar em “remover dispositivo com segurança” e pronto! Seriam poupadas várias lágrimas, crises de ciúmes e discussões de relação.
Porém, também teria um aplicativo especialmente feito para guardar nossos Backup’s, afinal, assim todos teríamos histórias pra contar. Mesmo que doesse, quando batesse aquela saudade era possível revirar nossos arquivos mais antigos pra relembrar os bons tempos. No entanto, a vantagem seria o nosso total controle sobre todos os arquivos e sobre tudo o que quisesse entrar na nossa memória. Não seria necessário relembrar todos os dias o que dói, só quando a saudade fosse maior que a dor.
Enquanto a tecnologia não invade o ser humano, o remédio é tentar fazer uma “triagem” de tudo o que entra e sai da massa encefálica. Queria eu saber fazer isso, manipular e filtrar meu cérebro pra que ele funcionasse da maneira que eu preciso. Assim eu pouparia o sofrimento de ouvir as broncas da minha mãe por conta dos recados não dados. E a porta USB no coração seria mais do que útil pra mim, sinceramente, acho que seria a única solução pra esse meu pobre e machucado amiguinho. Seria mais 50% de sofrimento poupado.
Enfim, o jeito é se conformar e ir tocando a vida enquanto não surge a formatação do cérebro e a restauração do sistema no coração. Às vezes tudo o que eu preciso é desconectar. Por enquanto o melhor remédio pra isso é dormir, o travesseiro é o melhor amigo nessas horas. Afinal, nesses momentos em que o cérebro e o coração são postos em cheque, não há hacker que possa resolver os seus (e os meus) problemas.
Por enquanto é só,
Beijo no cérebro.

Ana Paula de Almeida

2 comentários:

Anônimo disse...

Na boa mesmo,eu acho que essa história de esquecer recados,naõ guardar datas ou coisas do tipo são problemas de gente com problema no cérebelo.Bom mesmo seria procurar um tratamento com um médico bom e recomendar para os amigos chatos como eu,que além de esquecer até mesmo doq acabaram de digitar ainda ficam fazendo esses comentários inúteis! ;D

Ana Paula de Almeida on 26 de abril de 2010 às 13:17 disse...

Haha, complementando seu comentário, eu gostaria somente de poder controlar aquilo que eu devo ou não lembrar. Não sei se existe tratamento pra isso, mas, por via das dúvidas, não custa nada procurar. Beijo no cérebro!

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