30 de novembro de 2012

50 tons de gente chata

by Ana Paula de Almeida às 00:06

Esses dias, conversando com uma conhecida, contei que havia ganhado um exemplar do livro "50 tons de cinza" num sorteio na internet, no blog de uma colega de classe (por sinal, visitem) , e ela me olhou com uma cara como se eu tivesse dizendo que tinha encontrado os escritos da Inquisição. E me disse "nossa, VOCÊ lendo esse livro, nunca iria imaginar". A ênfase que ela deu ao VOCÊ me fez parar pelo menos uns 10 segundos até conseguir recuperar a fala, enquanto olhava pra ela perplexa e pasma, diante do preconceito. Quem visse aquilo logo pensaria que eu faço parte da pequena parcela da população humana que tem acesso à cultura erudita e elitizada, quem me dera.
Quando consegui me recuperar do meu momento de perplexidade, perguntei: "É ruim? Você já leu?", ela "Não, mas ouvi dizer que é péssimo, machista, e que faz uma lavagem cerebral na cabeça mas mulheres." Hum.... ouvi falar. Todo mundo ouve falar e tira várias conclusões, não é? Eu também ouvi falar muito mal do livro, e muito bem também. Não tiro conclusões antes de ter minhas próprias experiências, mas não iria comprar o livro porque ele não faz meu estilo literário, e não porque eu ouvi falar que é ruim. Mas como eu ganhei, qual o problema de ler?
E bom, eu li. E nem tanto ao céu e nem ao inferno. É um livro bom, não serei hipócrita de dizer o contrário. Li em dois dias, pois ele, apesar do tema denso, é escrito de forma leve e bem-humorada. Se eu compraria? Não, como disse, ele não faz o meu estilo. Mas também não precisa ser crucificado do jeito que é, por gente que nem sequer leu.
É isso que mê irrita na sociedade, você tira suas próprias conclusões em base das conclusões de outras pessoas que, sei lá, você confia ou admira. As pessoas que eu confio e que eu admiro detestaram o livro, li críticas péssimas na internet e nos jornais. Mas nada me impediu, de ao ter o livro em mãos, ler e gostar da leitura. Credo, parece que as pessoas têm medo de discordar da opinião alheia.
O livro não é um clássico da literatura, não é um Machado de Assis ou um José de Alencar, do jeito que eu gosto, mas também não é nenhum Paulo Coelho - Esse sim, eu tive o desprazer de ler e detestar, mas também não quero ser crucificada por isso -, é um livro puramente para o lazer, que não me ofereceu nenhum enriquecimento cultural, a não ser por aprender mais sobre práticas sadomasoquistas (risos).
Acredito que justamente por isso o livro fez, e faz, tanto sucesso, porque ele aborda uma prática que no fundo, todo mundo sempre teve curiosidade mas nunca teve pra quem perguntar. Ou teve coragem de praticar. É mais uma curiosidade, mas qual o problema nisso? Li críticas ferozes dizendo que o livro fazia uma lavagem cerebral nas mulheres, que há muito buscaram sua independência mas agora querem ser submissas dos homens. Calma né. Eu li todas as páginas e posso garantir que não há nenhuma mensagem subliminar nele te forçando a praticar uma boa sessão de chicotada. Eu saí intacta e não quero ninguém me batendo. Ou seja, quem se sentiu realmente motivada a praticar isso, com certeza já tinha essa vontade lá no fundo, e o livro só despertou. Já pararam pra pensar nisso? Ou a ideia de que existam pessoas que se excitam com uns tapas no traseiro assustam vocês? A mim não, tem louco pra tudo nesse mundo. E se a pessoa gosta disso, eu te pergunto: qual o problema? Tem gente que cresce esperando o príncipe e tem gente que cresce esperando o dominador, vai saber.
Só não gosto é de gente que adora tomar partido pra agradar os outros ou tem medo de discordar das pessoas. Tenham opinião própria, por favor. Se você gosta de sadomasoquismo, pratique, ninguém tem nada com a sua vida. Só não se deixe levar pela opinião alheia e reprima uma vontade que é sua.
E se você leu Paulo Coelho e curtiu, olha, ótimo pra você! Se você leu "50 tons de cinza" e detestou, ótimo também! Eu li e não achei nada demais. Não quero ler continuação e nem praticar BDSM, então, a tese de que "50 tons" provoca lavagem cerebral é falsa!
Beijo (ou tapa na bunda, pra quem curte)

Ana Paula.

3 comentários:

Natália on 30 de novembro de 2012 às 11:34 disse...

Não, eu não li 50 Tons de Cinza, mas li trechos o suficiente pra saber que a autora escreve mal, muito mal ("o corpo dele pairava sobre o meu"? Oi?). Além disso, a história é altamente previsível: moça se apaixona por bad boy sedutor, que revela ser assim por traumas do passado (oi, ele foi abusado quando criança? Ninguém poderia prever isso!) e muda por causa dela. Blabla.
Você fala que as pessoas não têm opinião própria por julgarem o livro sem terem lido, mas eu te pergunto: e quem lê e "gosta" só porque ~todo mundo~ tá falando bem? Conheço muita gente que nunca se interessaria por esse tipo de leitura se não fosse o fator "todo mundo leu".

Eu não julgo as pessoas pelos livros que elas lêem, mas pela opinião que elas têm deles.

Ana Paula de Almeida on 30 de novembro de 2012 às 12:11 disse...

Ah sim, existem os dois lados da moeda. Também vi gente muita gente falando que amou o livro só porque ele ganhou o status de "Tem que Ter", e isso eu acho tão imbecil quanto o contrário. Acho que você tem que ler, e isso vale pra tudo na vida, e ter a sua opinião crítica de verdade. Eu li, e não achei nada demais. Aliás, não entendo toda essa polêmica em torno do livro. Mas acho que, como disse anteriormente, pra tudo na vida, antes de ter a sua própria decisão você deve ter a sua experiência, sabe? O livro, em si, serviu só de um pretexto pra eu escrever esse texto. Obrigada pelo comentário, Naty!

Michelli B.E. on 10 de dezembro de 2012 às 11:47 disse...

Eu gostei, achei que algumas dicas sadô são interessantes (eu sempre gostei mesmo rs) mas realmente é um livro sem nenhum conteúdo, de leitura fácil e feito só pra entreter msmo, não pra tirar conclusões profundas da vida. É o que eu digo, gente "cult" demais ´´e muito boring. ^^

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