13 de dezembro de 2010

Dias

by Ana Paula de Almeida às 23:35



Tem dias que eu não preciso de flores, chocolates, ursinhos de pelúcia e cartões apaixonados. Um abraço quente e forte, daqueles que torna possível contar os batimentos cardíacos e sentir o fluxo sanguíneo percorrer as veias já resolve todos os problemas. Tem dias que eu não preciso de um beijo apaixonado no meio da rua, que para o trânsito e arranca palmas dos transeuntes. A mordidinha no queixo e o carinho na barriga dão conta do recado.
Tem dias que eu não preciso do "Eu te amo" gritado de um alto falante, aquele sussuro perdido no meio da madrugada, enquanto você se encaixa nos meus quadris faz o corpo inteiro se arrepiar em segundos.
Tem dias que eu não preciso de um jantar à luz de velas, num Bistrô francês, ao som de violinos tocando "As Quatro Estações" de Vivaldi. Um macarrão que a gente come na mesa de centro da sala (mesmo você sabendo que eu odeio comer na sala), enquanto você me olha com mais fome do que ao prato, vale por todo o teu esforço de preparar um jantar pra mim.
Tem dias que eu não preciso que você repare no meu cabelo novo, o que eu mais quero é que você destrua o meu penteado segundos após a sua mão conquistar o perigoso território da nuca, que você sabe que abala todas as minhas estruturas.
Eu me maquio pra você me borrar inteira. Eu me perfumo pra que você percorra todas as áreas onde ainda existe resquício da fragrância. Eu coloco a roupa mais bonita pra você dizer "Você tá linda", e no segundo seguinte planeja a estratégia pra me fazer ficar sem ela.
É aí que está aquilo que todo mundo chama de amor, mas que reclama de nunca encontrar. O problema não é que todo mundo procura nos lugares errados. E quando encontra, confunde com outros sentimentos mais voláteis, e acaba deixando passar.


Ana Paula de Almeida

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